1ª Série

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

GRAÇAS A DEUS PELO POBRE!!

Uma Reflexão Sobre o que Queremos que, de Fato, Seja Feito por Aqueles que Colocamos no Poder

A frase do título dessa reflexão pode despertar um ar de indignidade e, no mínimo, curiosidade para quem ouve ou lê. Mas, infelizmente, é assim que falam alguns: aqueles que nunca estão dispostos a facilitar a vida daqueles mais vulneráveis socialmente. Na verdade penso que o pobre é que faz o papel da engrenagem que move a sociedade. As mais importantes engrenagens em um maquinário estão, geralmente escondidos, mas são elas que movimentam as máquinas. Elas necessitam de constante manutenção e cuidado, caso contrário, a máquina quebra. Muitos se esquecem da necessidade de manutenção e melhoria da vida das pessoas menos favorecidas por assim dizer e, freqüentemente, essas mesmas pessoas esquecidas pelo poder público, necessitam de melhorias individuais para que a grande máquina social continue funcionando adequadamente. Lembro aqui da música "Construção" do Chico Buarque que fala sobre um operário que caiu do prédio em construção e morreu na calçada, quando os transeuntes achavam que aquele corpo estava atrapalhando a passagem. Quando essas pessoas (o pobre) apresentam um “problema”, elas são facilmente substituídas por outra mais nova e são deixadas de lado para serem usadas em outra ocasião. Como você já percebeu isso, acompanhe comigo: o pobre é sempre deixado de lado, mas quando aqueles precisam de votos, lembram dele; quando precisam distribuir algumas “esmolas” sociais em forma de bolsa tal e renda tal, aí lembram do pobre, pois, no nosso país, ainda são maioria. Com esse número astronômico de pobres no Brasil, o presidente da República, cada governador e cada prefeito pode inventar esses programas sociais, que insistem em chamá-los de benefícios, mas que, na verdade, causam grandes malefícios sociais. Lembro aqui do antigo filme “Quo Vadis” que retrata o descaso e a manipulação da massa popular pelo poder público, especialmente do pobre e desinformado, mas que, no final do filme, o povo prevalece sobre as atrocidades do imperador romano. Em suma, num país que se diz democrático como o nosso, o pobre representa apenas a massa dominada que é comprada por aqueles que querem estar no poder apenas pelo poder, e não para desempenhar o real papel do agente público. A maioria das instituições, governamentais e não-governamentais, podem dar graças a Deus pelo pobre. Eles dizem: “graças a Deus pelo pobre, pois são eles, como maioria, é que nos colocam no poder. São para eles, como maioria, que nossos ‘programas sociais’ são direcionados e podemos anunciar nos outdoor´s da cidade e utilizarmos esses mesmos programas em nossas campanhas políticas; graças a Deus pelo pobre, porque eles não questionam nossas ações, pois não gostam e nem entendem de política; graças a Deus pelo pobre porque eles não se preocupam muito em quem vão votar”. É, amigo, são essas palavras que ouvimos daqueles que precisam do pobre, mas não querem ficar perto deles e os escondem como aquelas engrenagens dentro da máquina.

E, ainda planejam eles: “não daremos uma educação de qualidade, para que eles, ainda que formados na escola, ainda continuem desinformados politica e socialmente; não daremos uma saúde pública resoluta, para que eles, para que eles fiquem sempre dependentes desse serviço lamentável que é a saúde pública; não daremos garantias de emprego, pois precisamos que eles se tornem cada vez mais dependentes de nossos programas sociais, e não tenham estabilidade psicológica, sofrendo com a angústia da desesperança”. E para quem acha que eu estou viajando na maionese, observe o que de fato ocorre na sociedade brasileira hoje. Todos podem observar!!

Manuel Raposo
Agente Público e Bacharelando em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo


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