1ª Série

terça-feira, 29 de maio de 2007

Os Horizontes Econômicos e Políticos Afetam a Vida Cristã?

Leitura de Uma Macrovisão da Vida Cristã Contemporânea



A Expansão do Cristianismo e a Missão dos Crentes

Os cristãos de hoje, têm uma delicada forma de como entender sua missão numa sociedade que, de acordo com sua trajetória histórica, vem passando por difíceis eventos e processos que têm deixado marcas muito fortes. Marcas essas, que têm determinado o destino de muitos povos e suas conseqüentes leis e ordens nacionais. A expansão do cristianismo tem sido uma das maiores marcas da história moderna. A partir do século XIX, a fé cristã alcançou mais excepcional difusão, como em qualquer outro período da história. Houveram figuras notáveis, como William Carey (1761-1864), David Livingstone (1813-1873) e James Hudson Taylor (1832-1905), que defenderam e serviram a organizações com propósitos missionários. Esses e outros nomes foram responsáveis por manter vivo o interesse pelas missões e espalhar a fé cristã em áreas distantes da Ásia, África, Oceania e América Latina. No Brasil, as raízes do protestantismo (ou, a quem chamamos hoje de evangélicos) são fixadas também nesse período. Nossa principal missão é fazer com essa chama não se apague, pois foi uma instituição do próprio Jesus Cristo (Mt 28:19) quando nos comissionou. Os grandes nomes mencionados acima, fizeram a sua parte, embora não toda a tarefa, pois trabalharam na sua geração, o que significa que o que temos a fazer é a nossa, em nossa geração.


Que tal atualizarmos a nossa maneira de fazer missões?
Nos últimos dois séculos, ocorreram enormes mudanças e grandes transformações sociais, de proporções mundiais, como nunca ocorreu em toda a história da humanidade. O ritmo dessas mudanças alcançaram um nível alucinante. As novas descobertas tecnológicas na indústria deram o ponta pé inicial, para produzir a necessidade de outras novas descobertas, como na área da informática, das comunicações, das viagens espaciais e da manipulação genética.
Esse avanço da ciência não deixa de ser um grande desafio à fé, pois oferece explicações para fenômenos que, outrora, eram encarados como mistérios divinos. Com todo esse progresso, os horizontes econômicos e políticos sofreram igualmente alterações radicais. O imperialismo das nações européias e dos Estados Unidos, as guerras mundiais, a ascensão e desmantelamento do comunismo, o processo de descolonização, a globalização, a crise ambiental e os conflitos sociais e religiosos, entre outros eventos e processos, afetaram e afetam a forma como os cristãos põem em prática e compreendem sua missão. O ambiente gerado pela atmosfera cultural, pelos movimentos sociais a caminho de conquistas econômicas nos diversos segmentos da sociedade, faz com que a Igreja, obrigatoriamente, não permaneça onde está ou conserve as formas de desempenho que antes geravam grandes resultados. A Igreja não deve desempenhar um papel apenas organizacional, e sim de um organismo vivo, que se movimenta em busca de mudanças, tanto individuais (nos membros da comunidade), como familiares e até sociais.


Conclusão
A sociedade sofre transformações, como já mencionado, mas necessita de que "alguém", como a Igreja, trabalhe no sentido de aparar as arestas deixadas por essas transformações. A Igreja é que dará o equilíbrio para o progresso; o sentido para as conquistas; o aroma para as flores colhidas numa sociedade mais justa. Sem a participação da Igreja, a evolução do ser humano perde o rumo em direção à fé.
Portanto, se, como cidadãos, mas, acima de tudo, cristãos, ficarmos atentos aos horizontes econômicos e políticos que se formam no decorrer dos acontecimentos, saberemos como lidar com cada situação formada e vencermos todas as dificuldades impostas por um mundo que corre com um dinamismo gritante. Assim, a Igreja, sem alienação, saberá enfrentar e equipar os novatos na fé, ensinando-os a viver com sabedoria e inteligência nessa sociedade, sem abandonar a fé.

Autor: Manuel Raposo
Bacharelando em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo
Matéria adaptada do estudo "As Igrejas na Sociedade Contemporânea" do prof. José Carlos de Souza.

sábado, 26 de maio de 2007

Sobre Projeto de Lei Contra Discriminação Homossexual Tramitando no Senado

Projeto que combate discriminação contra homossexuais começa a ser discutido por grupo do Senado
Publicado em 03.04.2007

O projeto de lei que tipifica como crime a discriminação contra os homossexuais começou a ser discutido, na última quinta-feira (29/03), pelo grupo de trabalho criado pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado. A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados em novembro do ano passado, sob a forma do Projeto de Lei (PL) 5003/01, e atualmente tramita no Senado como Projeto de Lei Complementar (PLC) 122/06.
A polêmica em torno dessa matéria reflete-se nos próprios integrantes do grupo de trabalho, composto tanto por parlamentares que apóiam o projeto como por outros que são contrários na iniciativa. A senadora Fátima Cleide (PT-RO), por exemplo, coordena o grupo e defende a aprovação da proposta. Já o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que também integra o grupo e é evangélico, faz várias críticas a iniciativa, embora ressalte que respeita os homossexuais.
Em reunião na última quarta-feira (28/03), a primeira após a instalação do grupo de trabalho, o deputado federal e pastor evangélico Henrique Afonso (PT-AC) expôs argumentos semelhantes aos apresentados por Crivella. O deputado declarou que "é evidente que temos de criminalizar o preconceito", mas questionou como será tratada "a liberdade de uma pessoa que professa sua religiosidade e não concebe essa prática [homossexual] a partir de seus valores".
"Se o projeto for aprovado no Senado, vamos ter de proibir o uso da Bíblia", disse Afonso, reiterando que, apesar de ser contra a discriminação contra os homossexuais, defende a "idéia da família composta por um homem, uma mulher e seus filhos".
Ao responder ao deputado, Caio Varela, assessor da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros, frisou que "este não é um debate no qual se opõem evangélicos e homossexuais, inclusive porque estes últimos também vão à igreja". Ele afirmou que a proposta em tramitação no Senado "trata, na verdade, da discriminação que leva uma pessoa a ser assassinada, a ser excluída de uma escola ou de um emprego".
Varela argumentou que o objetivo de seus associados não é obter privilégios, mas garantir direitos. E destacou ainda que o posicionamento contra a discriminação dos homossexuais, tanto da Igreja Católica como da Evangélica, representa "um avanço fabuloso". De acordo com ele, existem no Brasil aproximadamente 18 milhões de homossexuais.
Fé e Razão
O padre Cláudio Antônio Delfino, o qual representou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na reunião, foi outro que reprovou qualquer forma de preconceito contra os homossexuais. Mas também disse que, para a Igreja Católica, "o ato enquanto tal [de um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo] causa uma desordem na natureza".
Delfino declarou ainda que a Igreja Católica também é discriminada quando se posiciona sobre o assunto, "como se defendesse um dogmatismo religioso irracional". "Mas a verdadeira fé e a verdadeira racionalidade não se contradizem", argumentou Delfino.
Já o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), defensor do projeto de lei, afirmou que nem sempre encara a igreja como instituição que age conforme a pregação de Jesus Cristo. Ele ressaltou que a Igreja Católica "já levou à fogueira quem afirmava que a Terra não era o centro do universo" (citando o caso de Giordano Bruno).
"Por outro lado, a Igreja Católica conquistou o meu respeito por criar a Pastoral da Criança e a Pastoral da Terra", declarou o senador, acrescentando que "ficaria feliz se a instituição criasse uma Pastoral dos Homossexuais".
Também participaram da reunião Ivair Augusto dos Santos, assessor especial da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, vinculada à Presidência da República; e Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT).
Fonte: Agência Senado, 01/04/2007